SAINT-JOHN PERSE
( FRANÇA)
Saint-John Perse, pseudônimo de Alexis Leger (Pointe-à-Pitre, 31 de maio de 1887 — Giens, 20 de setembro de 1975) foi um poeta e diplomata francês.
Entre 1916 e 1921 esteve colocado na China, onde escreveu o livro Anabase, publicado em 1924. Residiu nos Estados Unidos entre 1940 e 1957.
Recebeu o Nobel de Literatura de 1960.
Biografia
Nasceu em 1887 em Saint-Léger-les-Feuilles, nas Antilhas Francesas numa família abastada do arquipélago de Guadalupe, nas Antilhas. Em 1899, aos 12 anos, Alexis Léger e os seus familiares deixam as Antilhas e retiram-se para Pau. Em 1916, após ter passado com distinção nos exames de acesso ao Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, torna-se segundo secretário de legação em Pequim. Em 1921 recebe o cargo de delegado francês à Conferência de Washington, sobre a limitação dos armamentos. É nesta altura que Léfer escolhe o pseudónimo de Saint-John Perse. Em 1925 Léger é nomeado chefe de gabinete do ministro dos Negócios Estrangeiros, tornando-se em 1933 Secretário Geral dos Negócios Estrangeiros. Em 1940 Paul Reynard demite Alexis Léger do seu cargo, pelo que este parte para os Estados Unidos. O governo de Vichy retira-lhe a nacionalidade francesa e confisca-lhe os bens. A Gestapo revista-lhe a casa, em Paris.
Obras
1908 - Des villes sur trois modes
1909 - Images à Crusoe
1910 - Pour fêter une enfance, Récitation è l'eloge d'une reine
1911 - Elogies
1925 - Anabase
1941 - Exil
1942 - Poème à l'Étrangère
1943 - Pluies
1944 - Neiges
1945 - Vents
1957 - Amers
1959 - Chronique
PERSE, Saint-John. Obra Poética. Tradução de Darcy Damasceno. Estudo introdutório de Roger Caillois. Ilustrações dde Zao-Wou-Ki. Rio de Janeiro: Editora Ópera Mundi, 1971. 239 p.
No. 10 928 Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda.
ELOGIOS
I
As carnes assam ao vento, os molhos se compõem
e o fumo remonta os caminhos ao vivo e alcança quem
andava.
Então o Sonhador de bochechas encardidas
se desprende
de um velho estriado de violências, de astúcias e esplendores,
e ornado de suores, para o cheiro da carne
desce
qual mulher que arrasta: seus panos, toda sua roupa e seus
cabelos desfeitos.
II
Amei um cavalo — que era? — ele me olhou bem de frente,
sob suas crinas.
Os frementes buracos de suas narinas eram duas coisa belas
de se ver — com esse buraco que intumesce por cima de cada olho.
Quando havia corrido, suava: que brilho! — e comprimi luas
contra seus flancos sob meus joelhos de criança...
Amei um cavalo — quem era? — e às vezes (pois um animal
sabe melhor que forças nos gabam)
ele erguia a seus deuses uma cabeça de bronze: bufante,
sulcada por um pecíolo de veias.
III
Os ritmos do orgulho descem os pesados vermelhos.
As tartarugas rolam nos estreitos como astros pardos.
Enseadas sonham sonhos plenos de cabeças infantis...
Sê um homem de olhos calmos que ri,
silencioso que ri sob a asa calma da sobrancelha, perfeição
do voo (e da borda imóvel da pestana volta às coisas que viu,
tomando os caminhos do mar fraudulento... e da borda imóvel da
pestana
ele nos fez mais de uma promessa de ilhas,
como quem diz a alguém mais moço: “Tu vais ver!”
E é ele quem se estende com o patrão do navio).
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Página publicada em setembro de 2025.
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